Sunday, July 20, 2008

ANHEUSER-BUSCH INBEV: A maior cervejaria do mundo





Depois de uma semana repleta de boatos e rumores, eis que a cervejaria norte-americana Anheuser-Busch (dona da famosa marca Budweiser) aceitou a oferta de aquisição do mega-conglomerado Inbev (grupo belgo-brasileiro, fruto da fusão da Anbev e da Interbrew, ocorrida em 2004), em um negócio cujas cifras atingem a impressionante marca de US$ 52 bilhões.

Com esse movimento, a nova empresa - doravante denominada Anheuser-Busch Inbev -emerge como o maior conglomerado cervejeiro do mundo, com vendas líquidas de US$ 36 bilhões. Antes disso, a liderança do mercado mundial era ocupada pela britânica SAB Miller, seguida pela InBev e pela própria Anheuser-Busch.

A fusão, um mega-negócio féerico, cria uma super-empresa que irá operar com cerca de 300 marcas de cerveja em cinco continentes! Só para se ter uma idéia do porte das empresas envolvidas, a InBev é dona de marcas consagradas como Brahma, Skol, Antarctica, Bohemia, Quilmes, Stella Artois, Beck's, Labatt, Hoegaarden e Leffe, enquanto que a Anheuser-Busch, além de contar com a família Budweiser (Bud Ice, Bud Light e Bud Dry), ainda comercializa a Rolling Rock. Já a SAB Miller, a futura segunda colocada, opera com marcas como Miller, Castle, Grolsch, Aquila e Poker.

O desafio de marketing, desde já, é como organizar e operar de maneira racional esse imenso e fragmentado portfolio de marcas, cada qual afeito a uma realidade regional e continental. Além do mais, o mercado norte-americano é um desafio para a InBev, posto que as vendas de cerveja neste mercado - e, especialmente, a da Budweiser, a sua nova "estrela da companhia" - vem apresentando uma trajetória de crescimento bastante fraca. Isso se explica pela crescente concorrência tanto das micro-cervejarias artesanais como o de outros tipos de bebida, como o vinho e os destilados.

Trata-se da segunda maior compra de uma empresa americana de bens de consumo da história, atrás apenas da aquisição da Gilette pela Procter & Gamble, e a terceira aquisição de uma empresa americana por uma de outro país. Acreditem meus caros, isso vai dar muito o que falar...

O negócio, no entanto, ainda não pode ser considerado fechado, posto que deverá ainda ser aprovado pelas autoridades norte-americanas competentes. E é aí que a temperatura deve subir, dado o fato da Anheuser-Busch ser considerada um ícone americano no setor de cerveja - a empresa foi fundada no final do século XIX. Há uma resistência enorme entre a população americana, especialmente na cidade de Saint Louis, no estado do Missouri, sede da empresa, dado o "choque de gestão" que os executivos da Ambev - conhecidos no mundo inteiro pela agressividade e pela política do "custo zero" - aplicaram na Interbrew: demissões em massa, cortes drásticos de custos e de privilégios entre os executivos sobreviventes, além de uma relação tensa com os sindicatos e com a comunidade local.

Na Bélgica, os caras querem ver o "capeta", mas não querem ver um brasileiro com o crachá da AmBev...

No que toca ao mercado brasileiro, a grande novidade será a volta triunfal da Budweiser aos nossos supermercados - ela já foi comercializada por pouco mais de 1 ano pela finada Antarctica, durante os anos 1990 -, agora fruto de uma estratégia de posicionamento da cerveja norte-americana como uma marca mundial. Mais especificamente, isso significa que a Bud deverá ocupar o lugar da Skol - a líder do mercado brasileiro, com três de cada dez garrafas vendidas -, como uma marca jovem, moderna e globalizada. Ações voltadas para o público jovem como o festival de musica eletrônica Skol Beats provavelmente deverão ser descontinuados, e rumores indicam que o destino da Skol é se tornar uma marca mais popular, de combate, centrada no preço.

Com a união entre a companhia de bebidas norte-americana Anheuser-Busch e a belgo-brasileira InBev, a controlada AmBev apostará nas vendas da marca Budweiser no Brasil e na América Latina, segundo o presidente-executivo da InBev, o brasileiro Carlos Brito. Em teleconferência com a imprensa, o executivo disse que a Budweiser, marca de cerveja da Anheuser-Busch, vai se enquadrar no segmento de cervejas premium no Brasil, que é um dos nichos de maior crescimento no setor cervejeiro nacional.Ele mencionou o sucesso de marcas estrangeiras no País, como a Stella Artois. "A Budweiser não compete com nossas marcas mais populares, como a Skol", disse. Segundo Brito, a companhia vê "grandes oportunidades" de crescimento no mercado brasileiro com a união das empresas.A InBev e a Anheuser-Busch anunciaram hoje um acordo para unir as duas companhias, formando a maior empresa de cervejas do mundo e uma das cinco maiores companhias de produto de consumo.

Isso é mais uma prova de que a economia mundial está cada vez mais globalizada, e o centro do poder econômico não necessariamente está atrelado ao Hemisfério Norte. Além da AmBev, outras empresas brasileiras vem sendo bem-sucedidas em suas estratégias de internacionalização. Exemplos não faltam: Petrobras, Gerdau, Friboi, Embraer...

Como o destino é irônico: logo os americanos, defensores da livre iniciativa e do capitalismo, sofrerem este revés do destino. Além do mais pelo fato de ser uma empresa brasileira - oriunda, portanto, dos confins do mundo, reduto de bárbaros e incultos no entender deles... De uma coisa eles não podem reclamar: nossos executivos aprenderam direitinho a lição de casa...com eles! Via Pragma

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