Estava dando uma olhada no Updaters HSM e achei legal esse post de Júlio Sérgio e resolvi compartilhar com vocês na íntegra. Lá vai...
Sempre tive curiosidade em conhecer o Japão, seus hábitos e costumes. Era a única grande economia que ainda não tinha visitado. Por isso, decidi ir ao país no início do mês para ver de perto algumas de suas principais cidades. Curiosamente, no ano em que comemoramos o centenário da imigração japonesa no Brasil. Uma experiência, diga-se de passagem, memorável, que guardarei para o resto de minha vida em meu extenso diário de viagens.
Durante o vôo de volta – que durou cerca de 25 horas, com direito a conexão no Canadá, duas semanas atrás, tive bastante tempo para refletir sobre a cultura milenar do Sol Nascente, arraigada na mente deste povo organizado. Indiscutivelmente, há muito que se aprender com os japoneses. O Brasil é um país jovem, multi-racial e, como tal, não possui uma cultura forte, sistematizada. É, em verdade, um caldeamento de culturas. Parte representada pela comunidade nipônica no país, a maior fora do Japão, com mais de um milhão de descendentes.
Quero destacar pelo menos dois aspectos marcantes da cultura japonesa que poderiam perfeitamente ser assimilados para benefício de todos nós brasileiros. O primeiro refere-se ao respeito aos idosos. Desde cedo, eles aprenderam que os mais velhos são uma inesgotável fonte de conhecimento. Cheios de sabedoria e dispostos a compartilhar com os mais jovens suas ricas experiências.
O respeito pelos mais velhos ou pelos mais sábios possibilita perpetuar o conhecimento, reduz a incidência de erros, pacifica a família e distribui a felicidade. Outro aspecto que merece nossa atenção é o respeito pelo indivíduo. O Estado, no seu papel de representante da sociedade e árbitro, tem como principal preocupação o cidadão. Não é à toa que todas as ações emanadas do poder público caminham nesta direção.
Não se constrói uma obra pública sem antes ter o aval da comunidade afetada. Espaço físico no Japão é algo escasso e, logo, valioso. Para melhor aproveitá-lo há que se construir estradas e viadutos muito próximos às residências. Nesses casos, vale ressaltar, a população local é chamada para opinar sobre o projeto e sugerir modificações. Querem outro exemplo? As auto-estradas (todas sob administração privada de pedágio e muito bem conservadas) são dotadas de proteção acústica para não perturbar as pessoas que vivem nas proximidades.
Também não posso deixar de mencionar a grande transformação da economia japonesa em potência, que teve como marco o Tratado de Kanagawa, firmado com os Estados Unidos em 1854. A partir daí, os portos foram abertos ao comércio e iniciou-se um processo de intensa industrialização. Mesmo prestes a experimentar uma desaceleração “modesta”, diante das turbulências nos mercados, segundo prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país soube resistir, até agora, à desaceleração econômica dos EUA. Em parte, graças à exposição relativamente prudente dos bancos japoneses ao mercado hipotecário americano.
O Japão, terra dos samurais, das gueixas e das tecnologias do futuro, nos dá lições que vão além do chocante episódio de Hiroshima. Muitos de seus princípios estão ligados aos valores passados de pai para filho. A falta de honestidade, por exemplo, é considerada um erro grave, pecado mortal, por desonrar a família. Será que de fato não temos muito que aprender com os japoneses?
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